Nesta data (26/05) recebi da amiga Priscila Cantuária, mãe do Gabriel, que residem em Brasília-DF, o estudo com o tema Independência funcional entre operantes verbais em um portador da Síndrome de Cornélia de Lange, elaborado pelo psicólogo, Rodrigo Melonio Rodrigues, da Faculdade de Ciências da Educação e Saúde, Curso de Psicologia do Centro Universitário de Brasília-DF (UniCEUB).
Gabriel, com Síndrome de Cornelia de Lange |
Em nome de todos os familiares de pessoas com Síndrome de Cornelia de Lange e dos leitores do blog agradeço ao Psicologo Rodrigo Melonio Rodrigues pela pesquisa e, também, por autorizar a publicação.
Agradeço a Priscila por fazer essa ponte e, assim, compartilhar este importante estudo, que ajudará muito as famílias que esperam por mais informação sobre essa síndrome, ainda pouco estudada.
Independência funcional entre operantes verbais em um portador da Síndrome de Cornélia de Lange
Autor: Psicologo, Rodrigo Melonio Rodrigues
SUMÁRIO
RESUMOINTRODUÇÃO
1. SÍNDROME DE CONÉLIA DE LANGE
Etiologia
2. O COMPORTAMENTO VERBAL
Uma Nova Visão a Respeito do Termo Linguagem
2.1 O Operante Verbal
2.2 A Classificação do Comportamento Verbal
2.3 Independência Funcional
2.4 Experimentos Correspondentes a este Trabalho
3. MÉTODO DO ESTUDO
4. RESULTADOS
5. DISCUSSÃO
6. CONCLUSÃO
7. BIBLIOGRAFIA
Resumo
1. A Síndrome de Cornélia de Lange
3. Método do estudo
4. Resultados
DISCUSSÃO
6. Conclusão
7 Referências Bibliográficas
7. BIBLIOGRAFIA
Resumo
A Síndrome de Cornélia de Lange ainda é desconhecida por grande parte da comunidade verbal e nas poucas literaturas encontradas, descrevem os diagnosticados com problemas comportamentais graves. O aumento do repertório esperado em crianças com comportamentos disruptivos é frequentemente estudado pela Análise do Comportamento investigando quais variáveis estão controlando estes comportamentos. Esta pesquisa pode corroborar com a literatura Analítico Comportamental investigando quais as variáveis que poderiam aumentar o repertório verbal de uma criança portadora da Síndrome de Cornélia de Lange com o quadro de comportamentos verbais bem reduzidos: não emitia palavras, apenas balbucios, não enxergava, e emitia alta frequência de comportamentos indesejáveis. O presente estudo teve como objetivo aumentar a interação verbal através dos treinos de mandos com o uso de linguagem alternativa (libras e outros gestos adaptados) para que novos comportamentos não treinados passassem a ser emitidos em tato sem um critério experimental sistemático, e sim, de ordem psicoterápica, ou seja, verificar a ocorrência ou não de dependência funcional de forma não sistematizada. Os blocos foram divididos em cinco tentativas: quatro para treinos em mando e uma para o teste em tato, porém, haviam blocos que variaram podendo ter três ou duas tentativas de treino para mando e dois ou três testes em tato. Foram usadas três palavras para a pesquisa: Beber, Sair e Carrinho. A criança era submetida aos treinos na condição de mando sendo que os gestos eram modelados e reforçados socialmente como “parabéns”, “muito bem”, “eba!” e ações correspondentes às três palavras, tanto no acerto, como no erro (usando prompts manuais e vocais). Na condição de teste em tato as perguntas feitas pelo pesquisador/terapeuta foram: “- O que é isso?”, “- O que estamos fazendo?” e todas as respostas emitidas pela criança não eram reforçadas e nem recebiam dicas (prompts). Foi observada a emissão de tatos sem treinos prévios. Outro resultado muito importante a ser comentado foi a diminuição da freqüência e intensidade de comportamentos disruptivos, sendo substituídos pelos novos repertórios verbais aprendidos durante e após o procedimento. Sugere-se também que mesmo sem o controle experimental dos dados há melhora efetiva na emissão de comportamentos desejáveis, mas pode dificultar a replicação do experimento por falta de um critério no número de tentativas em cada bloco.
Palavras chave: Síndrome de Cornélia de Lange, Comportamento Disruptivos, Análise do comportamento, Comportamento Verbal, Operante Verbal.
A Análise do
Comportamento Aplicada e a Análise Experimental do Comportamento têm
estudado e sugerido diversos conceitos, por exemplo, Equivalência de
Estímulos, assim como tem estudado o comportamento verbal e outros
fenômenos como Independência Funcional (termo que vai orientar esta
pesquisa) para comprovar sua eficácia na aplicação de tratamentos
comportamentais e como pode ocorrer a aquisição de novos
comportamentos.
Uma rede de
experimentos comportamentais puderam demonstrar as diversas técnicas
que a Análise do Comportamento Aplicada possui para tratamentos de
repertórios comportamentais indesejáveis (inapropriados,
inadequados, atípicos) de crianças com atraso (e/ou dificuldade) na
comunicação, nas habilidades sociais e no brincar (Transtornos do
Espectro Autista), bem como, outros Transtornos Globais do
Desenvolvimento.
As crianças com
déficits nas habilidades citadas acima podem ter seus comportamentos
modelados pelas consequências produzidas socialmente podendo
aumentar, manter ou reduzir a sua frequência. Tais consequências
poderiam partir de pessoas que podem não possuir habilidades
específicas para identificar o que estaria reforçando os
comportamentos indesejáveis e a escolha de uma abordagem psicológica
consistente pode ser crucial para que comportamentos problemas sejam
tratados de maneira eficaz. Diversas teorias estudam os Transtornos
do Espectro Autista e outros transtornos psicológicos tentando
encontrar soluções para a família e para quem foi diagnosticado
com algum tipo de distúrbio comportamental.
Para a Análise do
Comportamento, a linguagem (tratado por Skinner como Comportamento
Verbal) se refere a um comportamento seguindo aos mesmos princípios
que controlam outros comportamentos. Sendo assim, o comportamento
verbal seria um comportamento aprendido pelo contato as consequências
ambientais envolvendo um falante e um ouvinte, sendo que, o primeiro
(falante) emite o comportamento e o segundo (ouvinte) o reforça
(Skinner, 1957/1978).
Quando uma pessoa
nomeia um determinado estímulo discriminativo (tato), não significa
dizer, que ela saiba solicitar esse estímulo como reforçador
(mando) no caso se ela estivesse privada desse estímulo. Logo, uma
das principais diferenças da Análise do Comportamento – para
outros seguimentos teóricos que estudam a linguagem – estaria no
estudo da Independência Funcional entre estes operantes verbais
(tato e mando).
Sendo assim, cada
operante verbal deverá ser analisado separadamente, pois podem
apresentar repertórios verbais idênticos, mas relações funcionais
diferentes (Alves & Ribeiro, 2007), ou seja, uma criança poderia
aprender da sua comunidade verbal uma topografia na função de
ouvinte, mas não seria capaz de emitir (necessariamente) a mesma
topografia na função de falante sem um treino prévio.
Ao explicitar a
Independência Funcional deve-se recorrer à aquisição verbal entre
falantes e ouvintes e os operantes verbais, citados por Skinner
(1957/1978), onde são classificados como tato, mando, intraverbal
(na qual serão tratados na presente pesquisa), ecóico, textual,
cópia, ditado e intraverbal.
O presente estudo
visou abordar os fenômenos da dependência e independência
Funcional entre os operantes verbais tatos e mandos em uma criança
com Síndrome de Cornélia de Lange, para isso, o primeiro capítulo
ilustra a história e criação do termo desta síndrome e Cornélia
de Lange, assim como a sua etiologia. Ainda no capítulo 1, serão
analisadas algumas referências que citam os problemas
comportamentais associadas aos diagnosticados com a Síndrome de
Cornélia de Lange que trazem sofrimento tanto a eles, quanto aos
seus cuidadores (pais, escolas, e outros responsáveis).
No capítulo 2,
descreve-se o Comportamento Verbal na visão Skinneriana
estabelecendo uma diferença do pensamento tradicional de outros
referenciais teóricos a respeito do fenômeno conhecido como
“linguagem”. Neste capítulo é explorado o conceito do
comportamento verbal, bem como, as relações do organismo com seu
meio ambiente favorecendo a aprendizagem de novos operantes,
definindo, também, a classificação do comportamento verbal e por
fim detalharemos a independência funcional entre os operantes
verbais e quais as variáveis estariam envolvidas para que a função
de um operante verbal se torne condição para que outro operante
seja emitido.
Já no capítulo 3
são citados os experimentos que foram realizados na tentativa de
investigar quais as possíveis contingências que estariam envolvidas
para a ocorrência ou não da dependência Funcional. Estes
experimentos servirão para o aprofundamento teórico e prático do
procedimento deste estudo que foi realizado dentro de uma clínica.
A metodologia aqui
realizada não teve total controle experimental como os estudos
citados no terceiro capítulo, pois algumas variáveis não foram
passíveis de serem controladas pelo terapeuta/pesquisador (i.e., os
espaços utilizados dentro da clínica, os horários que os blocos
foram divididos respeitando outras atividades que seriam feito com a
criança).
Etiologia
2.4 – Experimentos Correspondentes a este Trabalho
Pelo participante
ser uma criança diagnosticada como Síndrome de Cornélia de Lange,
descreve-se a seguir, dados históricos, etiológicos e fisiológicos
da Síndrome com a finalidade de ilustrar características em comum
entre os indivíduos que já foram diagnosticados.
Sabe-se que a
Síndrome de Cornélia de Lange possui funções ainda desconhecidas,
mas está voltada a problemas que podem ser adquiridos antes ou até
depois do nascimento (Foroni, Beato, Valarelli & Trawitzki,
2010). Poucos pediatras conseguem identificar, logo de imediato, uma
criança que se enquadra nesta síndrome logo após o parto e em 100%
dos casos apresentam déficit de crescimento nos primeiros anos de
vida. Há diversas variáveis que podem dificultar a sua
identificação e assim poder fechar um diagnóstico preciso no
momento que a criança nasce (Maia, 2008).
Segundo a
literatura, a síndrome foi descrita pela primeira vez por um médico
chamado Winfried Robert Clemens Brachmann em 1916 no Hospital
Pediátrico em Desdren enquanto fazia autópsia em uma criança que
havia falecido vítima de pneumonia (Ricardo, 2002).
Em 1933, a pediatra
holandesa Cornelia Catharina De Lange imortalizou o nome da Síndrome
de Cornélia de Lange após relatar o caso de duas crianças com
compatibilidades físicas (Ricardo, 2002). Mas em outras literaturas
pode-se achar com o nome de Brachmann-Lange (Maia, 2008). A
literatura varia entre 10.000 a 50.000 para cada caso (Vidigal &
Cols, 2009; Ricardo, 2002; Maia, 2008).
Atualmente não se
tem dados empíricos consistentes afirmando qual seria a etiologia da
síndrome e, consequentemente, quais os genes responsáveis pela
afecção (Ricardo, 2002). Maia (2008) faz uma breve discussão sobre
possíveis danos em cromossomas e chega a uma hipótese que o
fenótipo da Cornélia de Lange se deve as variedades de mutações
de diversos genes.
Os sujeitos
diagnosticados possuem algumas aparências faciais em comum, como por
exemplo, sobrancelhas grossas e fundidas, cílios longos e curvados,
nariz pequeno com a ponte nasal achatada e narinas inclinadas, lábios
finos com curvatura inferior e um atraso na dentição, além disso,
muitos possuem má formação dos membros superiores e inferiores e
hirsutismo, ou seja, excesso de pelo em partes do corpo (Corradini &
Gonzales, 1980).
Ricardo (2002)
apresenta alguns problemas de comportamento de crianças
diagnosticadas com a Síndrome de Cornélia de Lange sendo
consequência do déficit na comunicação e de expressão verbal e
por, não conseguir ser reforçado seu comportamento acabaria de
frequência por não conseguir expressar qualquer tipo de sofrimento,
respondendo de forma auto e hétero-agressiva.
Os diagnosticados
com a Síndrome Cornélia de Lange podem apresentar algumas
estereotipias como abanar a cabeça e o corpo, podendo apresentar,
hiperatividade, dificuldade de atenção e concentração,
comportamentos estereotipados podendo ser confundido com
comportamentos autísticos, podem apresentar falta de sensibilidade a
dor ou alta sensibilidade ao toque (Ricardo, 2002).
2 O Comportamento Verbal
Uma Nova Visão a Respeito do Termo Linguagem
Skinner, em 1957,
insere o termo comportamento verbal ao tratar da “linguagem” como
um comportamento operante que é governado pelos mesmos princípios
que regem outros comportamentos (Skinner, 1957/1978).
O uso generalizado
do conceito da linguagem não permite uma análise mais aprofundada
de outras variáveis que estão envolvidas na aprendizagem da
linguagem”, sendo entendida como algo inato, psíquico ou de
propriedade exclusiva dos seres humanos (Alves & Ribeiro, 2007).
O Comportamento
Verbal, na visão skinneriana, será compreendido como um
comportamento operante que se da por meio da interação de um
organismo com seu meio ambiente social e, por meio das consequências
produzidas dessa relação, a probabilidade do comportamento tenderá
a aumentar, diminuir ou manter-se. (Skinner, 1957/1978). Para o
autor, é no meio ambiente que são encontrados os estímulos
antecedentes e as consequências que irão determinar as chances de
emissão das respostas verbais. Diante a história de reforçamento
de um sujeito, classes de respostas são emitidas possibilitando a
emissão de novos repertórios comportamentais.
Alves e Ribeiro
(2007), ao tratar do livro “Comportamento Verbal” de Skinner
(1957), afirmam que o termo “linguagem” deve se referir a
comportamentos, pois também são governados pelas leis gerais que
controlam outros comportamentos. Trata-se de um comportamento
operante, ou seja, é um comportamento que é determinado por suas
consequências, e assim, emitido a partir de treinos específicos
dados por uma comunidade verbal.
2.1 – O Operante Verbal
No operante verbal,
Skinner (1957/1978) afirma que a diferença deste para outros
operantes está na interação indireta - de um organismo - ao seu
mundo físico em que quem disponibiliza o reforçador da ação é
outro sujeito. O comportamento de um falante é intermediado por uma
ação do ouvinte sobre o ambiente e, só então, o comportamento do
falante é reforçado (Alves & Ribeiro, 2007).
No ambiente natural,
o som emitido por uma pessoa se torna impotente por não modificar
diretamente qualquer característica espacial dos objetos ali
posicionados (Skinner, 1957/1978). Quando esta pessoa olha para a luz
e pede para a lâmpada que se desligue, dificilmente este pedido será
reforçado. Por outro lado, se houver um ouvinte participante da
mesma comunidade verbal do falante, a sua solicitação terá maior
probabilidade de ser reforçada. Neste exemplo, percebe-se a
existência de dois sujeitos, no caso o falante que emite o som e o
ouvinte que media a relação entre o comportamento do falante e as
consequências do meio ambiente (Passos, 2003).
Para Passos (2003),
o termo comunidade verbal, citado por Skinner (1957) corresponde a
uma determinada cultura onde os repertórios verbais são instalados
por meio de reforços aumentando, mantendo ou diminuindo a
probabilidade de um comportamento. Assim, o comportamento de uma
pessoa será adaptado ao meio social em que ela vive – por meio de
condicionamento operante – podendo interagir com outras pessoas da
mesma comunidade, ou seja, que compartilha das mesmas práticas
culturais tanto na função de falante, quanto na função de
ouvinte.
Falante é o
indivíduo que emite o comportamento verbal e o ouvinte é aquele que
reforça o comportamento do falante, porém, nessa relação, o
comportamento de um é reforçado pelo comportamento do outro, e
assim, numa determinada comunidade verbal, novas funções vão sendo
aprendidas (Skinner1957/1978). Na interação com a comunidade
verbal, o comportamento de pensar, também, é adquirido no momento
em que um mesmo indivíduo exerce as duas funções, tanto falante,
como ouvinte (Skinner1957/1978).
Uma criança
recém-nascida aprende que estando privada de alimento, chora tendo
como consequência controladora de seu comportamento a obtenção de
alimento. (e.g., leite). Quando a mãe discrimina que aquele choro
tem uma alta probabilidade de ser a falta de alimentação, passa a
reforçar o comportamento da criança, amamentando-a. Por ser um
comportamento que no passado foi reforçado (o comportamento de
chorar) sua frequência aumentará sendo controlado pelas variáveis
ambientais. Com o passar do tempo, com gestos e balbucios em direção
a uma mamadeira a criança, em interação com outros membros da
mesma comunidade verbal, passa a receber a mamadeira aumentando as
chances de esse comportamento ser emitido futuramente. Esse treino se
repete até que a criança passe a falar mamadeira.
Fica claro que, com
o passar do tempo e do treino exigido por uma determinada comunidade
verbal, os sujeitos aprendem a interagir um com o outro aumentando
repertórios necessários para se tornarem ouvintes (a mãe e outros
membros do grupo no exemplo acima) e outros específicos para se
tornar falante (no caso a criança no exemplo acima).
Portanto, analisar
funcionalmente o efeito da resposta do falante na ação do ouvinte
determina o comportamento como verbal ou não, sendo assim, será
entendido como comportamento verbal, na medida em que o ouvinte passe
a responder após o comportamento emitido pelo falante (Skinner,
1957/1978).
2.2 – A Classificação do Comportamento Verbal
O comportamento
verbal será categorizado por Skinner (1957/1978) em oito classes,
são elas: Ecóico, mando, tato, textual, transcrição, ditado,
intraverbal e autoclítico. A seguir, serão detalhados neste
trabalho os operantes verbais mando, tato e intraverbal para maior
compreensão da pesquisa a ser realizada.
- Tato: É o comportamento verbal controlado por estímulos não-verbais e consequenciado por reforço generalizado, sendo sua função nomear e descrever as propriedades dos estímulos ambientais externos e internos quando esses estão presentes e reforçado com as respostas de outras pessoas (Barros, 2003). Exemplos como, “...estou assistindo televisão; estou escrevendo, aquela ave é um tucano...”, ilustram o falante emitindo a resposta verbal vocal e motora que é controlada por estímulos antecedentes não verbais (comportamento de ver televisão, comportamento de escrever e o animal tucano). Seu reforço generalizado tem como exemplos: “parabéns”, “muito bem”, “está certo” etc.
- Mando: É o operante verbal que é controlado por privação ou estímulos aversivos e seu reforço é específico (Passos, 2003), diferentemente do tato onde o reforço é generalizado. Quando uma pessoa solicita algo que seja reforçador para ela, por exemplo: “- Me de um cachorro-quente.”, ele está emitindo um mando, onde ela especifica qual o reforço que irá reforçar o comportamento de solicitar um cachorro quente podendo ser ou não reforçado. Por exemplo: pedir para um ouvinte que desligue a luz para conseguir dormir, para abrir a janela para circular ar, pois o ambiente está muito quente o ambiente ou solicitar um cachorro quente porque está privado de comida etc. Fica claro a função de um mando, ele especifica o reforço (Passos, 2003).
- Intraverbal: É um comportamento verbal controlado pelo próprio comportamento do falante e de outros falantes e mantida por reforçamento social (Barros, 2003). Se o comportamento do falante está sendo controlado por outro comportamento verbal, será considerado um intraverbal, tanto de forma escrita, quanto na fala, conquanto que, não exista correspondência ponto-a-ponto entre o estímulo e a resposta verbal (Barros, 2003). Um exemplo desse operante verbal é a tabuada e o alfabeto, sendo que o estímulo antecedente 2+2 resultará num intraverbal “quatro”, assim como, 8-4. Outro exemplo, é a sequência ou cadeia comportamental do alfabeto, quando o falante emite “A, B, C” (estímulo antecedente), a emissão da letra “D será controlada pela letra “C”; a emissão da letra “E” será controlada pela letra “D” e assim por diante. Se houver uma interrupção de um ouvinte, o falante poderá voltar a última sequência para que o controle intraverbal seja restabelecido. (Barros, 2003).
2.3 – Independência Funcional
Dadas às definições
dos três operantes verbais, percebe-se que ambas as topografias são
controladas por circunstâncias variadas e que poderão ser emitidas
diferentemente a cada uma dessas circunstâncias (Skinner,
1957/1978). Sendo assim, cada operante verbal deverá ser analisado
separadamente, pois envolve relações funcionais diferentes (Alves &
Ribeiro, 2007).
Logo, o falante e o
ouvinte aprendem a se comportar verbalmente sobre determinadas
condições de estímulos, ou seja, aprendem a função de um
operante verbal numa determinada comunidade verbal (Alves &
Ribeiro, 2007), mas em diferentes variáveis. Portanto, não se
aprende a palavra isoladamente pelo seu significado, e sim, pelo seu
contexto (Skinner, 1957/1978).
Alves e Ribeiro
(2007) citam um exemplo dado por Skinner (1957/1978) de uma criança
que adquire uma topografia de mando, e mesmo assim, não se pode
inferir que ela emita a mesma forma topográfica com função de
tato. Quando esta relação não é verificada entre esses operantes
verbais pode-se afirmar que há uma independência funcional,
portanto, os operantes verbais foram estabelecidos de forma separada
(Skinner, 1957/1978). Mesmo no caso em que a criança aprendeu os
dois tipos de operantes com a mesma palavra - por exemplo, boneca -
deverá ser explicado de forma distinta, pois há entre estes dois
operantes verbais (tato e mando), variáveis funcionais não
correspondentes (Skinner, 1957/1978) sendo assim, o mando não está
sendo emitido aleatoriamente. A presença do estímulo boneca pode
ser uma contingência favorável para que o comportamento de nomear a
boneca seja emitido. No caso do mando, uma vez aprendido nomear a
boneca a emissão do solicitar (mando) a boneca presente tornar-se-á
mais possível (Guilhardi, 2009, citando Skinner, 1957/1992).
Algumas respostas
podem adquirir características tanto de mando como de tato e uma
rede de estímulos discriminativos podem se assemelhar quanto ao
controle de ambos os operantes (Skinner, 1957/1978). O comportamento
de translação auxilia no processo onde um mando emitido na presença
de um ouvinte, resultará num reforçador específico. Esse
reforçador servirá, mais tarde, como estímulo discriminativo para
o falante tateá-lo (Skinner, 1957/1978).
Na frase “- Eu
quero uma fruta daquela árvore!”, o falante tendo seu
comportamento reforçado pelo comportamento verbal do ouvinte ao
responder “- Você quer aquela amora?” tenderá, mais facilmente,
dependendo das condições de estímulos presentes naquele contexto,
a ser emitida pelo falante que antes não aprendera tatear “amora”,
por exemplo. “- Aquilo é uma amora” (Skinner 1957/1978).
Outra hipótese para
Skinner (1957/1978, segundo Alves e Ribeiro ,2007) seria uma possível
conexão entre o estímulo reforçador de um mando, servindo de
estímulo discriminativo para um tato, ou seja, um operante verbal em
mando, especificamente reforçada por um reforçador, poderá ser
controlada por variáveis que podem favorecer a emissão de um tato.
No exemplo: uma
criança “A” para de brincar com seu carrinho largando-o no
parque e quando outra criança “B” se aproxima para pegar aquele
carrinho, “A” descreve que aquele carrinho como sendo seu (- Esse
carrinho é meu! Me devolve!), pegando o brinquedo da mão de “B”.
Percebe-se que
quando “B” pega o carrinho de “A”, houve momentaneamente uma
alteração no comportamento de “A” que, logo, teteia aquele
carrinho como dela (- Esse carrinho é meu!), dependendo de outras
variáveis, aumenta a probabilidade de emitir o comportamento de
solicitar o carrinho de volta, ou seja, de um mando (- Me devolve
esse carrinho!).
Para Skinner
(1957/1978), outra condição seria a de que, a presença de um
objeto reforçador tornar-se-ia uma condição muito favorável para
o reforço de determinados operantes verbais (tanto para o mando,
quanto para o tato, por exemplo), sendo que o mando terá maior
probabilidade de ser emitido na presença do determinado objeto
(Alves & Ribeiro, 2007). Por exemplo, uma criança “B”, cujo
brinquedo tenha função reforçadora, emite o comportamento de pedir
emprestado um dos carrinhos à criança “A”, apenas, apontando
com o dedo e vocalizando “- Quer!”. “A” por ter aprendido
repertórios de ouvinte discrimina com sucesso aquela topografia (de
mando) emitida pela outra criança emprestando seu brinquedo.
Em
uma análise sobre os dados encontrados no estudo feito por Córdova,
Lage e Ribeiro (2007), os exemplos acima poderiam indicar o treino de
um dos operantes verbais, por exemplo, emitir o mando “carrinho”
apontando para ele, podendo exercer outra função, de tato. Quando a
criança “B” estivesse em contato com o estímulo “carrinho”
poderia emitir um tato, apenas nomeando-o, para tanto, deveria passar
por treinos que propiciassem e fortalecessem esta resposta.
Skinner (1957/1978)
afirma que as conexões entre dois ou mais operantes devem ser
detalhadamente especificadas e analisadas explicitando distintamente
cada um. Já a visão tradicional não trás subsídios para a
contribuição desta análise (Skinner, 1957/1978).
Esta
visão tradicionalista vinda de outras teorias que propõem
investigar a “linguagem”, concluem que este campo é de
exclusividade dos seres humanos por ser algo inerente ao inato, ao
mental, onde qualquer sujeito terá como uma característica em comum
a linguagem, independente do contexto em que está inserido.
No intuito de se
fazer uma pesquisa experimental para investigar as variáveis que
estão envolvidas na relação entre falante e ouvinte e se existe
correspondência entre operantes verbais envolvendo independência e
dependência funcional, alguns autores realizaram pesquisas de
caráter sistematizado, buscando em seus dados, discutir a proposta
skinneriana sobre o comportamento verbal.
Alves e Ribeiro
(2007), por meio de treinos múltiplos, ou seja, alternando os
treinos entre os operantes verbais, que no caso escolheram a
sequência Tato-Mando, treinaram tatos passando a verificar a
ocorrência de mandos sem a necessidade de treinos diretos.
A pesquisa foi
realizada em uma escola particular, com seis crianças de dois anos e
cinco meses a quatro anos e um mês que estudavam ali mesmo. O
experimento foi dividido em duas fases: pré-experimental e
experimental.
A primeira fase –
pré-experimental – tinha como objetivo treinar habilidades de
falante e ouvinte, necessários para a próxima fase. Aqui os
procedimentos consistiam em treinar o operante ecóico de palavras
sem sentidos como “Let/Zut” para indicar as posições esquerda e
direita, apontar para os lados correspondentes e a nomeação dos
personagens de histórias em quadrinhos que seriam utilizados no
procedimento.
Já na fase
experimental, o procedimento consistia [1] no treino de um
determinado operante verbal, no caso, o tato e verificar se haveria a
ocorrência de mando sem que este houvesse sido treinado, [2] treino
em mando e teste em tato e [3] treino do tato invertido e teste de
inversão do mando. As respostas corretas eram reforçadas pelo
software (uma janela com “carinha sorrindo” de fundo verde).
Outra consequência foi feita com reforçadores sociais generalizados
por parte dos pesquisadores como “parabéns!” e “ótimo!”,
por exemplo. Outro reforçador utilizado pelos pesquisadores eram
fichas (cada três fichas) que no final da pesquisa eram trocadas por
doces, brinquedos e figurinhas. Para as respostas erradas, o software
apresentava outra janela com um fundo vermelho com a “carinha
pensando”.
No bloco um, o
treino do tato se dava através do software onde dois personagens se
apresentavam, sendo que um posicionava-se para o lado Zet (esquerda)
e o outro para o Zut (direita). O experimentador dava a dica nomeando
cada lado, logo em seguida, perguntava à criança onde estaria o
personagem “A” ou o personagem “B”. De acordo com a resposta
da criança, o experimentador teclava o lado emitido por ela. A
resposta correta era reforçada, para a emissão incorreta teria a
outra consequência dada pelo software, já citada (p. 13), e o
experimentador corrigia através de prompt, iniciando uma nova
tentativa. O critério para o encerramento deste bloco era de oito
tentativas acertadas consecutivamente sem ajuda ou reforço por parte
do experimentador ou chegasse a um total de quarenta tentativas.
Para o teste do
mando, não havia reforço nem ajuda do experimentador. Já, a
pergunta utilizada para a verificação do surgimento do mando era
feita por parte da criança onde o experimentador dizia para onde ela
gostaria que os personagens “A” ou “B” fossem. De quatro
tentativas, uma era programada (de forma aleatória) para ir ao lado
contrário daquele mandado pela criança e, a cada tentativa, era
perguntado à criança se aqueles personagens tinham ido para o lado
certo, passando assim para a próxima tentativa. O critério para se
considerar a ocorrência da transferência de tato para mando não
treinado e passar para o segundo bloco deveria ser de seis acertos
para cada oito tentativas.
Já na fase dois
(mando-tato), o objetivo era analisar ou testar a manutenção dos
tatos que haviam sido treinados na fase um. Aqui, foi treinado o
comportamento de mando. O resultado da fase dois foi o esperado, ou
seja, os participantes emitiram, no teste, o tato sem treino direto.
Os dados demonstraram que houve a manutenção do tato ensinado na
primeira fase, comprovando a eficácia do treinamento.
Os autores apontaram
para algumas variáveis que influenciaram o resultado, como a
exigência da comunidade verbal. São crianças que estudavam numa
escola particular infantil e, tanto a exigência, como o reforçamento
diferencial para os operantes verbais emitidos pelas crianças podem
ter facilitado a exposição aos treinos e testes realizados nessa
pesquisa (Alves & Ribeiro, 2007). Outra variável apontada pelos
autores seria o tempo de exposição numa determinada comunidade
verbal. A exigência somada à experiência verbal no contato com
esse contexto podem criar repertórios cada vez mais complexos e
assim aumentar a probabilidade do participante emitir, mais
facilmente, o comportamento de translação, portanto, apresentar
desempenho compatível com o conceito de dependência funcional.
Chama a atenção de
outro diferencial da pesquisa acima para outras realizadas é a
questão da regularidade do ambiente informatizado (ambiente virtual)
onde foi realizada a pesquisa, diferentemente de outros estudos
realizados em ambientes concretos. Alves e Ribeiro (2007) afirmam que
o uso da tecnologia gerou maior similaridade entre as contingências,
tanto nos testes como nos treinos realizados, favorecendo a
regularidade dos dados.
Outro experimento
que propôs investigar a relação da transferência de uma mesma
topografia entre dois operantes verbais foi o estudo de Córdova e
cols (2007), que ainda investigaram se a aquisição destes operantes
aumenta na medida em que alteram as ordens de treinos e testes, como
por exemplo, treino do mando aumentam as possibilidades de respostas
nos testes em tato e, treinos em tato aumentam as chances de
surgimento nos testes em mando.
Nove crianças do
gênero masculino e uma do feminino formaram a equipe de dez
participantes para a pesquisa. Todas tinham idades entre dois anos e
seis meses a quatro anos e cinco meses, não possuíam histórico de
desenvolvimento atípico e ainda não eram alfabetizadas.
Seis pares de bichos
de bonecos com imã foram utilizados como estímulos experimentais
para a pesquisa. Os reforçadores eram fichas de plástico, que eram
trocadas por balinhas e brinquedos no final da pesquisa. Para os
treinos e testes dos operantes verbais as palavras direita e esquerda
foram trocadas, respectivamente, por “ZUT” e “LET”. Para
tanto, as dez crianças passaram por treinos e testes para ecoarem
tanto os nomes dos animais, como as duas palavras “ZUT” e “LET”.
A pesquisa foi dividida em três fases, cada qual realizada com dois
pares de bonecos.
Dois grupos foram
formados alterando as ordens de treinos: quatro participantes no
Primeiro Grupo e seis para o Segundo. Na Primeira Fase, a ordem de
treino para o Grupo Um era treinar mando e testar o tato; na Segunda
Fase, treinar tato e testar a manutenção do mando e; na Fase Três,
treinar o mando invertido e testar o tato invertido.
As sequências do
Grupo Dois na Primeira Fase eram: treino de tato e teste em mando;
Segunda Fase, treino do mando e teste de manutenção do tato e; na
Fase Três, treino do tato invertido e teste do mando invertido.
No treino do tato, o
experimentador movia um dos brinquedos para o lado “LET” ou “ZUT”
do outro brinquedo e depois dizia em qual lado estava o brinquedo,
demonstrando quatro vezes para o participante. Logo após, dirigia a
pergunta à criança, se sua resposta estivesse correta, seria
reforçada, em caso de erro, o experimentador corrigia o
comportamento falando para qual dos lados estava o brinquedo,
elogiava a resposta correta, mas esta seria considerada como erro.
No teste do mando, o
experimentador explicava à criança que nesse momento ela deveria
mandar o boneco ir para onde ela desejasse. De acordo com a emissão
do mando, o bicho de plástico ia ou para “LET” ou “ZUT”.
Sendo que em quatro tentativas, em uma o bicho de plástico ia para o
lado contrário. Se o participante sem utilizar as topografias “LET”
ou “ZUT”, ele não se movia. Após feita a escolha o
experimentador perguntava se o boneco teria ido para o lado mandado.
A criança teria, para cada bicho do par, quatro tentativas sem
ajuda, correção ou reforçamento.
No treino do mando,
as crianças deveriam mandar os bonecos irem para um dos lados, logo
após o comando do experimentador: “-Para onde a galinha teria que
ir, “LET” (esquerda) ou “ZUT” (direita)?”. Mas antes, o
experimentador pedia para o boneco se mover para as laterais,
repetindo o procedimento nas quatro primeiras tentativas. Logo após
a demonstração o experimentador pedia para a criança mandar o
boneco ir para qual lado ela desejasse. Dentre quatro tentativas, o
boneco errava uma. Assim que a criança mandava o boneco ir para
“LET”/“ZUT” o experimentador perguntava se o bicho tinha ido
para o lado mandado. Acertando a tentativa, o comportamento era
reforçado, errando, o experimentador corrigia e repetia o
procedimento feito no início do treino.
Para o teste do tato
o experimentador movia o bicho para o lado esquerdo ou direito do seu
par, esperando que a criança respondesse “LET” ou “ZUT após a
pergunta: “- Onde está o bicho (galinha, por exemplo)?”. Todas
as respostas emitidas pelas crianças não eram reforçadas,
corrigidas ou recebido auxílio.
Nos treinos e testes
investidos dos operantes o que havia mudado era apenas a inversão
das posições, ou seja, “LET” passou a ser direita e “ZUT”,
esquerda e para afirmar que havia ocorrido a transferência da mesma
topografia entre os dois operantes, os participantes deveriam
apresentar 75% de acertos nos testes para se considerar a evidência
de dependência.
No Grupo 1, foi
observado tanto desempenho de dependência, como independência
funcional. Já no Grupo 2, os autores encontraram desempenhos de
independência funcional, apenas na última fase (terceira/fase de
inversões) foram encontrado indícios de relação de dependência.
Porém, todos as crianças do experimento que tiveram relação de
dependência funcional entre os operantes verbais tiveram um número
superior de tentativas do que aqueles que apresentaram a não
transferência da mesma forma topográfica de um operante para outro.
Para Córdova e
cols. (2007) os dados demonstram que nas tentativas de se treinar
tatos e testar mandos (no caso da primeira fase), assim como na fase
de inversão das posições (terceira fase), maior foram os números
de tentativas para aqueles que apresentaram relação de dependência
entre operantes em comparação aqueles com processo de independência
funcional. Portanto, o alto número de blocos poderia ter mudado o
controle dos estímulos “LET” e “ZUT”, sendo o treino
prolongado do mando favorecido o controle das emissões sobre estes
estímulos discriminativos.
Quando a ordem era
treino do mando e teste em tato (para o grupo 1) houve tanto
dependência, quanto independência funcional, ao contrário do grupo
2, quando a ordem era tato-mando havendo independência funcional. O
fator identificado na ordem mando-tato estaria no momento em que
ocorriam respostas corretas, fichas, quase que imediatas, reforçavam
a emissão do mando, além da movimentação dos bonecos. Estariam
nessa relação de reforço o mando, as mesmas condições
generalizadas que reforçam o comportamento de tato, facilitando a
aproximação entre estes operantes para a mesma topografia apoiando
a noção de dependência funcional. (Córdova & cols, 2008).
Outra variável
identificada nos dados foi a frequência de emissões de operantes
genéricos considerados como erros nos testes, segundo os padrões de
respostas treinadas e exigidas para a pesquisa.
Por mais que os
sujeitos tenham emitido comportamentos como apontar e dizer “ali”
ou “aqui”, não poderiam ser considerados como transferência
topográfica entre mando e tato, pois não eram as respostas
esperadas, correspondentes àquelas treinadas anteriormente. Podem
ser respostas que estão sobre controles de perguntas do tipo “-Onde
está fulano?” e que, logo em seguida, vem acompanhada de reforços.
Outro importante
estudo que fomentou a realização da presente pesquisa foi realizada
por Simonassi (2004) que: 1. Objetivou, de forma não sistematizada,
a análise sobre qual operante verbal seria emitido primeiramente em
crianças com desempenho típico (tato, mando ou intraverbal) e, 2.
Poderia uma resposta verbal de mando ocorrer em condições de tato e
intraverbal; se uma resposta em tato poderia ocorrer em condições
de mando e intraverbal e; se um operante em condições de
intraverbal seria emitido na condição de tato e mando.
A pesquisa foi
realizada com seis crianças com “desenvolvimento normal”, de
idades entre três anos e seis meses a quatro anos e seis meses e, na
linha de base, elas deveriam ser capazes de ecoar nomes de estímulos
e não serem capazes de emitirem sozinhas mandos, tatos e
intraverbais quando exigidas. As sessões registradas foram na creche
onde as seis crianças estudam.
Brinquedos,
alimentos e figurinhas foram utilizados como reforço sendo
selecionados por meio das entrevistas e observações realizadas
anteriormente, além de reforços sociais, claramente previstos nos
experimentos em Análise do Comportamento e na Análise Experimental
do Comportamento. A partir das observações na linda de base, os
brinquedos que as crianças não emitiam os operantes verbais (mando,
tato e intraverbais) seriam selecionados para a pesquisa. Dos 22
brinquedos nove foram selecionados encerrando a fase
pré-experimental.
Na fase
experimental, no treino do tato, o experimentador apresentava o
estímulo e dava a dica, “isto é um Tambor”, em seguida ele
perguntava: “- O que é isso?”. Acertando, a o desempenho da
criança era reforçada com aquele brinquedo e passaria para o
próximo estímulo dando um total de três brinquedos. Errando, o
experimentador repetia o procedimento apresentando um prompt,
ensinando-a a resposta correta. O número de tentativas para os três
estímulos dava um total de nove brinquedos. Mesmo errando a criança
passaria para os testes randômicos.
Os três estímulos
foram apresentados quatro vezes no treino randômico, porém, de
forma aleatória. Aqui, as sessões eram feitas em 12 tentativas, os
brinquedos não seguiam uma ordem de apresentações e algumas das
perguntas feitas eram: “O que é isto?” ou “Qual o nome deste
brinquedo?”. A resposta correta – por exemplo, “tambor” –
seria reforçada socialmente e passaria para o próximo brinquedo. No
caso de respostas incorretas passava-se para outro estímulo sem
reforça-las. Nessa fase, as crianças não eram ajudadas com
prompts.
Quando a criança
atingisse um número de respostas corretas iguais a 100% ou chegasse
ao número de 40 sessões de treino para cada um dos três estímulos
passaria para o teste do tato e para os demais operantes. Caso não
conseguisse, a criança participaria de treinos especiais.
No caso do treino de
intraverbal e mando com dicas/prompts seguiram os mesmos
procedimentos utilizados no treino do tato. A diferença para o
intraverbal é que os estímulos não estavam presentes e eram
diferentes dos três utilizados anteriormente. Inicialmente o
experimentador explicava a relação entre o estímulo e a sua
função, como por exemplo: “O carimbo serve para carimbar”. Logo
após a dica, eram feitas perguntas às crianças, como: “Para que
serve o carimbo?”, “o carimbo serve para...” e elas deveriam
intraverbalizar “carimbar” completando a cadeia do operante a ser
treinado. A diferença do treino randômico em tato para o
intraverbal eram as perguntas, no caso: “Para que serve o
carimbo?”, “o carimbo serve para...” e esperava a criança
intraverbalizar. Os critérios eram os mesmos utilizados para o
treino com dica e o randômico para o operante tato.
No caso do mando, a
diferença dos treinos com dica/prompt dos operantes já citados eram
os seis estímulos já utilizados e na apresentação destes. O
experimentador entrega o par de brinquedos para a criança, que passa
a brincar e, enquanto isso, era observada. Logo após, era escondido
um dos pares numa caixa de madeira criando uma Operação
Estabelecedora. Era explicado para a criança que precisava do outro
par para brincar e assim era emitida a pergunta “Me pede o
brinquedo que você precisa para brincar com este que está na sua
mão e eu te dou”. Se a criança emitisse um mando que
correspondesse ao exigido, seu comportamento seria reforçado
socialmente e receberia o par do brinquedo que estava faltando.
Errando a emissão do operante verbal, não haveria reforço social e
o experimentador voltava ao treino utilizando-se ainda da Operação
Estabelecedora que fora criada. No treino randômico, cada tentativa
errada reiniciava o treino, porém, com outro estímulo. Os critérios
no treino de mando eram iguais aos dos treinos de tato e intraverbal
e, caso as crianças não atingissem os critérios nos treinos
randômicos fariam parte de treinos especiais.
O teste era baseado
em seis apresentações dos três estímulos para o operante treinado
(18 tentativas), e outras quatro apresentações para os mesmos
estímulos, porém, para os dois operantes que não foram treinados
(12 tentativas). Nessa fase não eram apresentadas dicas e nem
reforços, apenas as perguntas eram feitas. Caso houvesse um erro
dentre as seis tentativas, esperava-se o término do teste para
retornar a criança aos treinos daquele operante para aprender a
resposta esperada, pois a criança deveria atingir 100% referente aos
estímulos dos operantes treinados.
Os resultados
mostram que três dos seis participantes atingiram o critério para a
aquisição do tato com menos tentativas, e os outros três, para
intraverbais, porém, dois dos seis participantes tiveram mais
tentativas para emitirem mando no treino, dois para mandos e, outros
dois, para intraverbal.
No caso do tato,
Simonassi (2004) explica que as condições de tatos envolvem
variáveis de simples estímulos que exigem simples respostas,
portanto, o surgimento primeiramente do tato. Assim como para os
intraverbais que controlam respostas direcionadas aos estímulos. No
caso do mando, as condições para sua emissão exigem a aprendizagem
de outros operantes verbais controlados por um estímulo determinado.
Os resultados da
pesquisa sugerem ainda que o tato, assim como o ecóico, são os dois
operantes verbais que são primeiramente adquiridos por crianças,
sendo que, estes dois determinam, mais tarde, a resposta de pedir
determinados reforçadores, no caso do mando. Portanto, o mando não
seria de aquisição fácil, mas auxilia para o surgimento tanto de
tatos, quanto intraverbais.
Os dados, também,
apresentam independência funcional para quatro dos sujeitos
participantes para a sequência: tato-intraverbais e
intraverbais-tato. Ou seja, tato e intraverbais seriam funcionalmente
independentes como a proposta Skinneriana.
Já para o treino e
teste do mando, todas as seis crianças apresentaram dependência
funcional para os estímulos utilizados no teste de tato. No caso do
treino e teste na condição de tato, apenas três das seis crianças
apresentaram acertos em suas respostas para os testes na condição
mando, levantando a hipótese de que treinar mandos pode se esperar,
mais facilmente, a ocorrência da dependência funcional para tatos
não treinados, em alguns casos.
Havia, no treino do
mando, condições favoráveis à ocorrência de tato. Tanto que o
experimentador explicava para criança que necessitaria das baquetas
para poder tocar o tambor que estava em sua mão e quando ocorria a
resposta correta o comportamento da criança era reforçada
imediatamente, configurando um tato. No momento que a criança
recebia a baqueta e passava a brincar e a cada sessão aumentava a
frequência da resposta correta, tornava-se um mando.
Portanto, uma
informação importante para o atual estudo, Simonassi (2004) afirma,
com base nos resultados encontrados, que tatos são mais facilmente
adquiridos, assim como intraverbais. Além disso, pôde-se observar a
ocorrência de dependência mais presente em mando-tato, com menor
frequência em tato-mando e mando-intraverbais. Já a presença de
transferência de intraverbais para tatos e de intraverbais para
mandos foi raramente observadas durante o experimento.
O presente estudo
teve como objetivo aumentar a interação verbal através dos treinos
de mandos com o uso de uma linguagem alternativa (libras com sinais
adaptados para a condição motora da criança) para que novos
comportamentos não treinados passassem a ser emitidos em tato sem um
critério experimental sistemático, e sim, de ordem psicoterápica,
verificando a ocorrência ou não de dependência funcional de forma
não sistematizada. Assim a pesquisa propõe 1. Treinar alguns sinais
de linguagem alternativa em uma criança que
não
desenvolveu a comunicação vocal para a função de tato, executando
os sinais alternativos em atividades lúdicas que exijam a nomeação
de locais, objetos e descrever comportamentos encobertos; 2. Testar a
emissão de comportamentos em tato após o treino do comportamento
verbal de mando.
Participante:
A pesquisa foi realizada com uma criança de nove anos, cliente de
uma clínica de psicologia de Brasília, diagnosticada com Síndrome
de Cornélia de Lange. Teve cataratas por bater em seu olho várias
vezes ao dia, sendo que este e outros comportamentos de autoagressão
eram reforçados com a atenção dada pelo meio social. Não usa
comportamento verbal vocal, porém, quando mais novo, pronunciava
pouquíssimas palavras como mamãe e água.
O participante
possui quase todas as características citadas no capítulo 1 que se
refere a Síndrome de Cornélia de Lange, como por exemplo:
sobrancelhas grossas e fundidas, cílios longos e curvados, nariz
pequeno com a ponte nasal achatada e narinas inclinadas, lábios
finos com curvatura inferior e atraso na dentição, hirsutismo
(excesso de pelo em algumas partes do corpo). Nasceu com má formação
no quinto pododáctilo do membro superior direito conhecido como dedo
mínimo da mão direita.
Materiais e
Equipamentos:
foi utilizado um microcomputador com programas de libras, lápis,
caneta, papéis, brinquedos que tenham valor reforçador à criança
e formulários para anotações e observações a serem feitas pelo
pesquisador.
Procedimentos:
foram analisadas as habilidades motoras através da interação da
criança com o pesquisador, em jogos, brincadeiras e nas refeições
onde foi verificado se a criança já possuía alguns pré-requisitos
para treinar sinais de comunicação alternativa que seriam adaptados
e que poderiam necessitar de movimentos refinados dos dedos. Outras
observações serviram para encontrar possíveis seguimentos de
regras analisando quais eram os momentos que a criança mais emitia
comportamentos indesejáveis, se já identificava partes do corpo,
observando, também, quais as funções de determinados
comportamentos indesejáveis para competir com novos sinais de
libras, como “sair”, “carrinho de brinquedo” e “beber”.
Todos os materiais e
espaços usados para a pesquisa são de uso exclusivo da instituição
onde a pesquisa foi realizada. Materiais de madeira como peças de
roupas, carrinhos e brinquedos musicais são de propriedade da
clínica, assim como as refeições fornecidas diariamente pela
instituição.
O procedimento do
presente trabalho foi realizado de forma assistemática, isso
significa que houve variabilidade nos treinos, nos testes e nos
critérios de acertos para exposição aos testes dos operantes
verbais não treinados. Isso se deve aos controles que o ambiente da
instituição exercia sobre a pesquisa onde o tempo dos experimentos
era interrompido para que o processo terapêutico de outras áreas
como o pedagógico e o fisioterápico, por exemplo, não fossem
interrompidos, somando duas horas e em quatro vezes por semana.
Foram utilizados
três sinais de comunicação alternativa que correspondiam as
palavras: “beber”, “sair” e “carrinho”. Os sinais eram
treinados enquanto possuíam caráter reforçador para o
comportamento da criança. Quando esta deixava de responder ao treino
de um dos três estímulos, passava-se a treinar outro estímulo.
Os estímulos foram
escolhidos a partir da interação da criança com brinquedos, onde o
“carrinho” era o mais procurado pela criança, na presença de
outros brinquedos apresentados.
Já o sinal que
correspondia a “beber” foi escolhido pelo alto valor reforçador
do suco e água que, quando a criança estava privada ela passava a
se auto-agredir e agredir terceiros como o pesquisador, outros
terapeutas e membros da família. Após a criança se hidratar
chegando a estar saciado, recusando o copo com líquido, o
comportamento indesejável passava a diminuir de frequência.
O terceiro sinal, no
caso “sair”, foi escolhido pelo fato de que a criança urinava na
roupa e seus comportamentos agressivos, seguidos de gargalhadas
estridentes aumentavam de frequência quando era incluída em
atividades que demandavam um alto custo de resposta ou apresentavam
pouco valor reforçador indicando serem sinais de comportamento de
fuga. Na medida em que a criança era retirada dessas atividades,
seus comportamentos diminuíam de frequência.
Os três estímulos
foram muito importantes, pois serviram como possíveis repertórios
que pudessem competir com os comportamentos indesejáveis, uma vez
que as novas respostas passariam a ser reforçadas imediatamente após
sua emissão.
O número de
tentativas tanto no treino (de mando), quanto no teste (de tato)
variaram, pois estavam sobre controle das contingências dentro do
ambiente institucional onde foi realizada a pesquisa, portanto, houve
uma diminuição nos critérios metodológicos que são feitos nos
estudos da Análise Experimental do Comportamento, como dito
anteriormente.
Todos os blocos (de
treinos e testes) eram seguidos de cinco tentativas, ou seja, o
primeiro bloco começava com quatro tentativas de treinos em mando
seguido de um teste em tato não treinado e, durante todo o
experimento. As ordens das tentativas variavam na medida em que as
atividades permaneciam com alto valor reforçador para o
participante. Para tanto, era observada a interação da criança
durante as atividades do experimento. Quando a criança deixava de
responder a atividade, era substituída pelas outras duas.
O primeiro bloco
começou com quatro tentativas de treino em mando modelando o gesto
correspondente à palavra “beber”, sendo que sua emissão era
reforçada especificamente com um copo contendo água, além dos
reforços sociais como “- Parabéns, você acertou!” ou “- Você
falou quer beber, parabéns!” ou “- Oba! Você quer beber!”,
emparelhando com a emissão vocal da palavra “beber” . Até o
quinto bloco a sequência de tentativas era igual ao primeiro, ou
seja, quatro tentativas de treino de mando seguido de um teste em
para verificar se houve transferência para o tato.
Durante os treinos
de mando, o experimentador dirigia-se ao participante iniciando as
tentativas perguntando “- O que você quer?” ou “- Quer fazer o
que?” ou “- Quer o que?”. Após as perguntas, o experimentador
segurava uma das mãos da criança e fazia a posição correta dos
dedos modelando o sinal correspondente. Pareado com esse movimento, o
experimentador vocalizava a palavra beber.
A
qualquer momento essas dicas físicas poderiam não ser necessárias
dependendo do desempenho da criança.
Quando o
participante emitia uma resposta considerada como errada (emitir
qualquer outro tipo de sinal), era corrigida imediatamente através
das dicas físicas apresentadas anteriormente, além da emissão
vocal da palavra correspondente e, logo após a correção, era
reforçada com o copo contendo uma pequena quantidade de água e
reforços sociais. Mesmo as tentativas que foram realizadas com
auxílio de dicas eram seguidas pelo reforço específico.
Após as tentativas
de treinos em mandos, era feito o teste em tato para verificar a
ocorrência do operante verbal sem o treino do sinal “beber”.
Neste teste o copo com água ficava próxima à criança para que
pudesse tocá-lo. Assim que a criança encontrava o copo, era feita a
pergunta: “- O que é isso?” ou “- O que estamos fazendo?”.
As respostas consideradas como corretas seriam aquelas em que a
criança emitisse o sinal de comunicação alternativa correspondente
à palavra “beber”. No caso dos testes, nenhuma resposta era
reforçada ou seriam acompanhadas de dicas físicas.
No treino da
resposta de mando “sair” a criança participou de atividades que
exigiam muito esforço, continham poucos reforçadores ou em momentos
de pós-refeições, além de idas ao banheiro. Essas condições
poderiam aumentar a probabilidade de respostas durante o treino do
sinal “sair”.
As perguntas para os
treinos do mando “sair” foram as mesmas feitas para o treino do
sinal “beber” e as ordens de tentativas de treinos e testes,
também, foram feitas de forma aleatória. O experimentador auxiliava
a criança para fazer o sinal “sair” através da modelagem dos
gestos segurando as duas mãos da criança emitindo o sinal, ao mesmo
tempo, vocalizava a palavra “sair” e, como consequência, reforço
social e a saída do local. Nas respostas erradas o experimentador
corrigia o participante com dicas físicas e reforçava o gesto
correspondente com reforços sociais e a saída do local.
As perguntas para os
testes de tato para o sinal de “beber” foram repetidas nos testes
para a verificação do tato sinalizando tato atual, “sair”. As
respostas não eram reforçadas e nem recebiam dicas físicas.
Os treinos do mando
“carrinho” tiveram alguns critérios em comum com os outros dois
treinos de mando (tanto para o sinal “beber”, quanto para o sinal
de “sair”). As mesmas perguntas foram utilizadas pelo
experimentador durante o treino do mando, as ordens de tentativas
entre treinos e testes, também, foram escolhidas de forma aleatória.
Porém, até o quinto bloco foi feito quatro treinos de mando e um
teste em tato.
Para a emissão do
sinal “carrinho” durante o treino de mando, o experimentador
deixava o carrinho ao alcance do participante para tocá-lo. Antes de
começar a brincadeira o carrinho era retirado do alcance da criança
e o experimentador fazia as perguntas necessárias. Assim começava
o treino para a emissão do mando, a criança fazia o sinal
correspondente à palavra “carrinho” com o experimentador
segurando as duas mãos modelando os gestos considerados corretos.
Esperava-se um intervalo de cinco a dez segundos para observar se a
criança já emitia o sinal de “carrinho” sem o auxílio do
experimentador. Após a realização da resposta considerada como
correta a criança era reforçada socialmente e passava a brincar com
o carrinho. Caso houvesse erro o experimentador dava uma dica física
auxiliando a criança responder corretamente e reforçava a resposta
esperada.
Para o teste do tato
“carrinho”, o experimentador segurava o brinquedo e deixava ao
alcance do participante, mas o brinquedo não podia ser tirado da mão
do experimentador. As perguntas foram às mesmas utilizadas nos
outros dois testes e as respostas da criança não eram reforçadas,
nem recebiam auxílios, encerrando o experimento.
Para ilustrar como
foi dirigida a pesquisa, as Figuras 1, 2 e 3 serão descritas em
seguida para a apresentação dos dados alcançados.
Foram consideradas
como respostas esperadas ou respostas corretas aquelas emissões, por
parte da criança, sem a necessidade de auxílio ou dicas físicas.
As respostas que necessitaram do auxílio do experimentador foram
consideradas erradas.
Até o quinto bloco
do sinal “beber” o número de tentativas para treino de mando
foram iguais a quatro tentativas e uma para o teste do tato
totalizando cinco tentativas para cada um dos cinco blocos.
A figura 1
representa a quantidade em porcentagem do número de tentativas
corretas para cada bloco de treino (vertical) e teste da palavra
beber emitida por um gesto alternativo e adaptada ao repertório
comportamental do participante (horizontal) que não tinha
comportamento verbal vocal e visual.
No treino do mando
para palavra “beber” o participante acertou uma das quatro
tentativas no primeiro bloco. Isso significa que o sinal “beber”
foi emitido pela criança sem a necessidade de auxílio ou dica
física por parte do experimentador, logo, três tentativas foram
realizadas com o auxílio de dica física e nenhuma resposta foi
observada para o teste de tato.
No segundo, no
terceiro e no quinto bloco, das quatro tentativas no treino de mando,
duas respostas para cada bloco foram emitidas sem auxílio. O número
de tentativas do teste para o tato foi de uma para cada bloco,
havendo a emissão de tato correto nos três blocos. Assim, pode-se
observar que para cada um dos três testes, houve a emissão do tato
com o sinal de linguagem alternativa correspondente a palavra
“beber”.
Já no quarto bloco,
o número de tentativas corretas aumentou, apenas uma das quatro
tentativas foi necessária à ajuda do experimentador. Para o teste
do tato uma tentativa foi feita e a criança emitiu a resposta
considerada correta.
A partir do sexto
bloco, as ordens para o treino de mando e do teste em tato variaram
no aumento gradual do número de testes em tato e, consequentemente,
para os treinos de mando, mas continuaram com o número total de
cinco tentativas. Assim, o bloco seis passou a ter três tentativas
para treino de mando e duas, para o teste de tato, totalizando dois
de acertos para o treino de mando e nas duas tentativas de teste de
transferência para o tato, houveram dois acertos.
O sétimo bloco foi
representado por duas tentativas de treino para mando e, para o teste
foram utilizadas três tentativas restante, todas as tentativas foram
efetivas para treinos e testes. O oitavo bloco, também, se mostrou
efetivo onde a única tentativa para o treino do mando foi concluída
com o gesto correspondente a palavra “beber” sem auxílio e para
o teste do tato com a emissão de quatro acertos nas quatro
tentativas.
Figura 1:
Número de acertos em tentativas a cada bloco de treinos e testes da
palavra “beber”.
A Figura 2
representa os seis blocos que fizeram parte dos treinos e testes do
segundo sinal de comunicação alternativa usado no experimento que
corresponde à palavra “sair”.
No primeiro bloco o
participante precisou de auxílio apenas na primeira tentativa,
acertando outras três e na única tentativa de teste do tato obteve
acerto.
Como as tentativas
do primeiro bloco obtiveram alto nível de respostas corretas, foram
diminuídas as tentativas do treino de mando no segundo bloco,
aumentando o teste de tato para duas tentativas. Foram dois acertos
para o treino de mando e, nos dois testes, a criança emitiu
corretamente o sinal de “sair” nas duas tentativas exigidas,
continuando a apresentar um número alto de acertos.
O terceiro e o
quarto bloco apresentaram-se no gráfico de forma semelhança, foram
quatro tentativas de treino para mando e um teste para o tato para
cada bloco somando cinco tentativas. Todos os dois blocos foram
respondidos com dois acertos nas tentativas de treino em mando e as
outras duas, o experimentador interviu de alguma forma. Para o teste
em tato, uma tentativa foi realizada para cada um dos dois blocos.
Todas as respostas emitidas nesta condição foram de um acerto para
cada teste.
O quinto e o sexto
bloco continham duas tentativas para o treino em mando e três testes
para verificar a transferência da mesma topografia para o tato não
treinado. No bloco cinco o participante emitiu o sinal “sair”
corretamente em uma das duas tentativas do mando. Já no sexto bloco
a criança emitiu dois acertos nas duas tentativas de mando. Nas
respostas dos testes a criança acertou três das três tentativas
tanto no quinto, quanto no sexto bloco.
Figura 2:
Número de acertos em tentativas a cada bloco de treinos e testes da
palavra “sair”.
A terceira figura
representa os dados obtidos do rendimento das respostas do
participante durante os treinos e testes que correspondem o sinal de
comunicação alternativa “carrinho”.
Para o sinal
“carrinho” as ordens das tentativas foram organizadas do primeiro
ao quinto bloco como foram organizados os primeiros cinco blocos do
treino e teste para o sinal “beber”, ou seja, quatro tentativas
para treinos de mando e, uma tentativa para os testes de tato não
treinado, mas com resultados bem diferentes.
Observando o gráfico
do primeiro bloco de treinos em mando observam-se os mesmos
resultados encontrados no segundo, quarto e quinto bloco. Todos com
rendimentos de duas respostas corretas em quatro das tentativas
realizadas em cada bloco. No terceiro bloco houve uma redução de um
acerto (resposta realizada sem auxílio).
Nos testes, o
participante não emitiu respostas corretas ou deixou de responder
diante do estímulo utilizado, no caso um carrinho de plástico. No
quarto e quinto bloco do teste para verificar a ocorrência de tato,
o participante emitiu o sinal de “carrinho” em cada tentativa de
cada bloco.
O sexto e o sétimo
bloco mantiveram os mesmos números de tentativas, sendo três
tentativas para treino do mando e foram realizados dois testes para
observar se houve a transferência para o operante verbal tato. Os
resultados do treino do mando “carrinho” divergiram entre eles.
No sexto bloco foram necessárias duas tentativas com auxílio, na
terceira tentativa a criança respondeu de forma independente. No
sétimo, o número subiu para dois acertos, errando apenas a primeira
tentativa no treino do mando.
Nos testes do tato o
sexto e sétimo bloco tiveram os mesmos resultados, sendo dois
acertos nas duas tentativas para cada bloco.
O oitavo bloco teve
uma diminuição no número de tentativas de testes em tato
aumentando uma tentativa para os treinos do mando. Nos quatro treinos
do mando o participante atingiu a máxima pontuação emitindo quatro
mandos corretos. No caso do teste para o tato, a única tentativa foi
emitida com sucesso.
Figura 3:
Número de acertos em tentativas a cada bloco de treinos e testes da
palavra “carrinho”.
O presente estudo
teve como foco aumentar a interação verbal de uma criança
diagnosticada com a Síndrome de Cornélia de Lange através do
treino de uma linguagem alternativa na função do operante verbal
mando e analisar a ocorrência da transferência para outro operante
verbal, no caso o tato, sem treino direto sem usar um critério
experimental sistemático num ambiente psicoterápico.
Os sinais de
linguagem alternativa foram analisadoss através da interação do
experimentador com a criança por meios de jogos, danças, músicas e
brincadeiras com brinquedos utilizados diariamente na instituição
onde ocorreu a pesquisa. A criança não emitia comportamentos
desejáveis para pedir e nomear, tanto os brinquedos, quanto
comportamentos encobertos, além de ter adquirido um quadro grave de
auto e hétero-agressão, como resultado teve catarata e,
frequentemente, aparecia com partes do corpo ensanguentadas.
Os dados obtidos na
atual pesquisa representam os treinos do operante verbal mando e os
testes para verificar se há ocorrência colateral de comportamentos
de tato sem utilizar treinos específicos, sendo assim, verificar o
fenômeno da dependência ou independência funcional proposto por B.
F. Skinner citado na obra Comportamento
Verbal,
em 1957.
Para que pudessem
ser reproduzidos os sinais “beber”, “sair” e “carrinho”
algumas contingências foram organizadas de maneira que ajudassem o
participante a repetir os gestos que o experimentador emitia durante
algumas atividades como em uma dança, momento musical, jogos e
brincadeiras. Todas essas contingências, em algum momento, exigiam
que cada sinal fosse emitido, e assim, poder realizar o experimento.
No primeiro bloco do
treino do mando “Beber”, foi observado que a criança emitiu sem
auxílio uma das quatro tentativas e esse número aumentou até o
quarto bloco da fase. A diminuição da frequência de respostas
corretas do quarto para o quinto bloco deve-se ao fato que a sessão
foi interrompida depois de 30 minutos de andamento, pois a criança
iria para a sessão de pedagogia. Mas manteve o índice do segundo e
terceiro bloco acertando duas das quatro tentativas.
A partir do sexto
até o oitavo bloco houve redução nos números de tentativas de
treino, mas, em nenhum momento foi necessário auxiliar a criança a
responder corretamente, exceto na primeira tentativa de treino do
mando no sexto bloco para o sinal de “beber”, onde foi necessário
dar uma dica física ao participante.
Para que o treino do
mando mantivesse o mesmo valor reforçador foi reduzido o número de
tentativas e a quantidade de água ou suco no copo foi aumentado
criando uma possível Operação Estabelecedora (O.E.). No caso da
atual pesquisa o copo com suco ou água teria aumentado seu valor a
partir de condições naturais como, a criança, estando privada
desses reforçadores, aumentaria a frequência do comportamento de
mando ser emitido, além dos os horários em que as tentativas foram
realizadas.
Simonassi (2004) em
seus experimentos, criou uma condição favorável para uma O.E.
fazendo com que o valor reforçador de um estímulo discriminativo
aumentasse, assim como, a frequência do comportamento de mando a
cada sessão. No estudo de Simonassi (2004), foi criada uma O.E. no
momento em que o experimentador entregava o brinquedo para uma das
crianças e escondia a outra parte do par, criando uma condição
para o mando, e assim, poder reforça-lo ao entregar o estímulo
escondido. O autor acredita que essa foi uma condição efetiva para
a emissão do mando treinado aumentando-o a cada sessão.
Com o copo de suco
ou água estando presente na mesa e ao alcance da criança pode-se
dizer que esta condição foi o suficiente para que a resposta do
mando fosse emitida ao longo do treino do sinal “beber”. Skinner
(1957/1978) considera a presença de um estímulo reforçador como
sendo uma contingência favorável para acontecer o reforço. Assim
que a criança estabeleceu o repertório de pedir suco ou água, foi
observado que o comportamento auto e hétero-agressivo teriam
diminuído a sua frequência e intensidade, pelo menos nessa
condição.
A criança teve uma
longa história de reforçamento na emissão de comportamentos
indesejáveis enquanto estava privada de água, comida e outras
atividades. Foi observado que para conseguir esses reforçadores, o
participante se enquadrava em uma conduta destrutiva e só parava
quando seus comportamentos eram reforçados. Durante o experimento, a
criança era reforçada com a emissão dos mandos treinados e mesmo
errando, deveria – com a ajuda do experimentador – emitir um dos
sinais para ser reforçado especificamente.
O participante do
atual experimento, estando presente a todas essas condições,
corrobora com os achados de Alves e Ribeiro (2007) onde os objetos
posicionados serviam como estímulos discriminativos para o tato e
como reforçadores para a emissão do mando estavam, durante toda a
pesquisa, a disposições dos participantes.
No primeiro teste
feito para o sinal “beber”, não houve registro de dependência
funcional, portanto, independência funcional. Observa-se que o baixo
número de acertos, ainda no treino de mando, provavelmente não
estaria sob o controle de estímulos, porém, com o passar do treino
notou-se um acréscimo na porcentagem de acertos o que pode ter
alterado o controle de estímulos. Para Córdova e Cols. (2007) essa
modificação no controle de estímulos pode ter sido adquirida por
meio de um treino extenso do mando em que os estímulos “LET” e
“ZUT” passaram a controlar as respostas de seus participantes,
assim desenvolvendo a dependência funcional.
Esse fenômeno pode
ser visto nos resultados obtidos nos primeiros treinos e testes dos
três sinais de comunicação alternativa, exceto o último
(carrinho), onde essa modificação do controle de estímulos
dependia de outro reforço com maior valor reforçador, sendo
observada a partir do quinto bloco. A hipótese estaria nas
tentativas de testes do tato que ocorria no momento em que a criança
respondia o treino do mando. Como exemplo, enquanto a criança
respondia corretamente o sinal de “sair”, no momento em que
deixava o banheiro o teste do tato era feito perguntando para a
criança o que ela estava fazendo. As condições que controlavam as
respostas no treino do mando eram semelhantes das condições
presente nos testes do tato.
Em condições
naturais, observa-se mando-tato em condições semelhantes quando: o
estímulo “parquinho” torna-se uma condição favorável para a
criança pedir a sua mãe para irem até lá configurando um mando na
medida em que seu comportamento indo ao parque e, numa condição de
tato, onde a criança é reforçada na medida em que passa de carro
por um “parquinho” e o nomeia recebendo elogio da mãe.
Simonassi (2004)
encontrou elementos semelhantes em seu experimento entre os operantes
verbais mando-tato, afirmando que os operantes verbais ocorriam
momentaneamente juntos e uniformes. Quando as crianças respondiam
“baquetas” para as perguntas feitas pelo experimentador eram
reforçadas recebendo o brinquedo e quando passavam a brincar com
este, era caracterizado um mando.
O mesmo autor
explica que ao adquirir o comportamento verbal de mando é possível
o surgimento de outros operantes verbais, conforme demonstrado no
atual experimento, onde a continuidade do treino de mando e os
frequentes testes em tato foi possível verificar o surgimento do
tato sem ter sido treinado, configurando a dependência funcional.
Notou-se que,
diante os novos repertórios adquiridos durante e após o
experimento, surgiram condições que antes causavam certo
desconforto, tanto para a criança, quanto para os seus cuidadores e,
depois do experimento, tais condições deixaram de ter um grande
valor aversivo passando a serem discriminadas como reforçadoras para
todos os envolvidos. Portanto, foi sugerido que a comunidade verbal
em torno da criança passasse a identificar tais sinais emitidos por
ela e imediatamente reforça-los, aumentando a probabilidade da
ocorrência dos comportamentos desejáveis.
O sinal de mando
treinado correspondente a “sair” obteve o mesmo sucesso do
“beber”. No caso do primeiro (sair), o comportamento da criança
passou a ser reforçado negativamente após a emissão do sinal.
Criada em condições naturais, a O.E. era utilizada pelo
experimentador para se iniciar os treinos do mando “sair”. Após
evacuar ou urinar e de ter lavado suas mãos, o participante para
sair do banheiro teria que emitir o sinal “sair”, após perceber
que a porta do banheiro estaria fechada. Ao estar saciado de alimento
deveria emitir o mesmo sinal e participar de atividades mais
complexas que eram escassas de reforçadores e exigiam alto valor de
respostas fazia com que a criança apresentasse comportamentos de
fuga e para ser reforçado, também, tinha que emitir “sair”.
Guilhardi (2009),
por meio de Interrupção de Cadeia, percebeu que três dos quatro
participantes emitiram comportamentos de mando durante o treino,
controlados por O.E’s. criando uma sequência comportamental
durante as brincadeiras.
Tanto no treino do
sinal de “beber”, quanto no de “sair”, tais condições
pareciam ser bastante reforçadoras para a aprendizagem e o
estabelecimento do mando. No caso do sinal “carrinho”, houve
dificuldade por parte da pesquisa em encontrar e montar uma cadeia
comportamental favorecendo a emissão da resposta esperada. A
hipótese levantada seria a de que a consequência dada não teria
grandes efeitos reforçadores (entregar o carrinho e elogiar) e
quando o reforçador foi modificado no quinto bloco (o experimentador
andava com a criança nas costas e passava-se por carro durante a
brincadeira, ao mesmo tempo, verbalizando vocalmente o estímulo
“carro”) percebe-se o aumento na produção de mando.
Já no sétimo bloco
do treino, a emissão do mando voltou a ser o carrinho de brinquedo,
reduzindo o número de mandos corretos para um. No oitavo bloco,
quando o reforçador volta a ser o carro improvisado pelo
experimentador, encontram-se nos dados, três acertos de quatro
tentativas, considerando esse reforçador como eficaz.
A cadeia
comportamental montada no quinto bloco utilizando o reforço
diferencial das respostas esperadas durante o treino foi: emitir o
sinal “carrinho”, manusear o carrinho sobre um solo ou no ar, e
assim, receber o reforço considerado como efetivo. No sétimo bloco
foi interrompido, voltando a ser realizado no oitavo.
No caso do presente
estudo, pode-se considerar a criação de algumas cadeias
comportamentais durante o treino do sinal “sair”, quando, ao
seguir a cadeia – parar de comer, afastar o prato, procurar o
chinelo e levantar da mesa - criança, antes do último passo,
deveria fazer o sinal de “sair”, reforçando ao sair da mesa.
O valor reforçador
do carrinho de brinquedo exercia outra função sobre o comportamento
da criança, era usado como forma de chamar a atenção do
experimentador e de seus cuidadores (observação feita antes e
durante o experimento). A criança quebrava o carrinho e recebia
atenção de seus cuidadores ou quando o reforçador para o ato de
brincar deveria ser outro brinquedo, porém, o participante não
teria adquirido o comportamento verbal de mando compartilhado pela
mesma comunidade verbal.
O tempo de espera
para a resposta desejada pode ser considerado como outra condição
que facilitou o estabelecimento dos sinais de comunicação
alternativa. A média de dez segundos para que o experimentador
auxiliasse a criança para responder corretamente, diminuiu a
dependência para a emissão dos sinais, sendo reforçada
imediatamente após emitir independentemente.
No caso do intervalo
de dez segundo para o auxílio do experimentador é percebido em
condições naturais, ou seja, fora do ambiente experimental, e para
melhor ilustrar, citamos a falta de um treino específico para a
produção de uma comunicação mais desejada durante anos de vida do
participante. Talvez seus cuidadores estavam sob controle das auto e
hétero-agressões tentando intervir apenas nesse momento, por
diversos motivos. A partir das tentativas de treinos e testes entre
os operantes verbais mando-tato notou-se a adesão da criança para o
experimento respondendo de forma correta os últimos blocos dos três
sinais treinados e testados, exceto o último treino de mando do
sinal “carrinho” no oitavo bloco, apresentando um erro.
Alves e Ribeiro
(2007) afirmam que uma das variáveis que favorecem a ocorrência da
dependência funcional, seria a exigência da comunidade verbal e
como seus participantes frequentavam ambientes escolares, haveria
ali, certo reforçamento diferencial para cada operante verbal.
Foram encontradas
respostas incorretas no andamento dos treinos em mando dos três
sinais. Podem ter sido influenciadas pela forma com que as sessões
foram interrompidas por motivos institucionais como outros conteúdos
programáticos a serem cumpridos ou por engajamento da criança em
partes da cadeia comportamental. Quando o comportamento da criança
era controlado por especificidades de uma cadeia comportamental, o
experimento não poderia continuar, e assim, os blocos eram refeitos
a fim de aproximar os treinos dos testes.
Tal observação,
também, foi feita por Guilhardi (2009) relatando que quando as
operações estabelecedoras não controlavam os comportamentos de
mando dos participantes seria difícil fazer anotações dos dados
ou, simplesmente, teria diminuído os números de tentativas, pois as
crianças poderiam se engajar em comportamentos repetitivos
controlados por partes de uma cadeia comportamental.
Dentre das respostas
consideradas como erradas estão as respostas genéricas. Segundo
Skinner (1957/1978), elas ocorrem durante a aquisição dos
repertórios verbais, geralmente no desenvolver dos comportamentos
verbais e são vistas no ato de apontar para um estímulo e podem
receber vários tipos de reforços. Durante o treino do sinal “sair”,
a criança segurava a mão do experimentador e levava ao trinco da
porta para sair do banheiro ou afastava os brinquedos para sair da
atividade.
Já no caso do
experimento de Córdova e Cols. (2007), os erros considerados como
mandos genéricos foram aqueles em que os participantes apenas
apontaram ou responderam como “ali” ou “aqui”, e embora
possam ser considerados como comportamentos de mando e tato não
poderiam ser consideradas como transferência topográfica entre as
funções, pois, quando eram emitidas nos testes não eram as mesmas
topografias treinadas na outra função.
Aumentando o leque
das possíveis variáveis que facilitaram a reprodução de um mando
durante o treino foi a conjunção da emissão dos sinais por parte
da criança ao mesmo tempo em que o experimentador emitir a palavra
vocalmente. Guilhardi (2009) apontou para os mesmos facilitadores ao
sintetizar que a emissão de respostas verbais vocais de um de seus
participantes facilitou o aparecimento de respostas verbais em sinais
de libras quando o experimentador pareou momentaneamente com suas
respostas verbais vocais, tornando-se um controle discriminativo para
a emissão do tato não treinado.
Nos treinos do sinal
“beber” e “carrinho”, foi apresentado durante os blocos
iniciais a independência funcional nos testes em tato. No decorrer
das tentativas houve a presença colateral do mando para o tato sem
treino direto. Já no treino do sinal “sair” foi observada a
translação do operante verbal mando para o tato. Houve indícios de
que este operante já estava sendo usado pelo participante em outras
atividades fora do ambiente experimental. Alguns terapeutas relataram
que o cliente (participante da pesquisa) estava apresentando alguns
gestos como se estivesse solicitando alguma coisa para eles, logo em
seguida, foram informados quais eram as relações daqueles sinais.
Todas as informações foram passadas para os pais da criança que
antes, não entendiam o que ela estaria sinalizando.
Como o comportamento
de fuga e esquiva – que antes era reforçado por seus cuidadores –
estava sendo reforçado apresentando outras topografias como auto e
hétero-agressões, empurrões, gritos e outros comportamentos
estereotipados, o ensino desse sinal poder sido facilmente
discriminado, já no treino que foi feito antes da fase experimental,
durante as danças, brincadeiras e jogos.
Houve também uma
grande relação entre os treinos de mando e testes do tato. As
contingências que estavam envolvidas no primeiro bloco do sinal
“sair” foram muito semelhantes.
Portanto, os dados
do atual estudo corroboram com a ideia skinneriana em que uma
possível conexão entre o estímulo reforçador de um mando, serve
de estímulo discriminativo para um tato, porém, cada uma das
respostas verbais deverá ser analisada de formas distintas por
motivos de funcionais diferentes (Skinner, 1957/1978).
A pesquisa do atual
estudo mostrou em um ambiente psicoterápico como seria possível
verificar a ocorrência do desenvolvimento verbal programando o
ambiente como uma contingência facilitadora para a produção de
novos meios de comunicação.
Para tanto, foi
reduzido os critérios de pesquisa que são encontradas nas pesquisas
em Análise do Comportamento e da Análise Experimental do
Comportamento e por isso, foi considerada como uma pesquisa
assistemática. Um dos motivos seria a de que a instituição não
poderia parar o conteúdo programático na qual a criança estava
participando. Outra explicação estava no espaço institucional para
preparar um ambiente experimental mais adequado até para fazer
anotações ou conseguir um auxiliar para o experimentador.
Focando os dados
obtidos pôde ser observado como poderia ocorrer a ideia dependência
funcional que tanto é afirmada pela psicologia cognitiva ou da
linguística. Como visto e já afirmado por Skinner no livro “O
Comportamento Verbal (1957)” existem variáveis que auxiliam a
translação entre os operantes verbais mando-tato explicando como
uma forma topográfica pode ser transferida de um operante treinado
para outro operante verbal sem treino específico. Mesmo assim, a
presença da independência funcional identificada nesse experimento
corroborando a ideia do autor (Skinner 1957/1978), logo no primeiro
bloco de dois dos três sinais e, se ocorre a dependência funcional,
quais as variáveis que estariam presentes para que ela ocorresse
como no caso do sinal “sair”.
A pesquisa, no
entanto, deixa respostas não conclusivas até pelo número de
tentativas e organização destas, houve também, curto intervalo
para a obtenção dos dados. Faz-se necessário o experimentador
desta pesquisa, futuramente prolongar o número das tentativas, sua
maneira de organizá-las e reunir mais experimentadores para maior
segurança e concordância dos dados. Aumentar o número de sinais de
comunicação alternativa oferece maior rigor e comparação entre os
dados,
Os novos
comportamentos adquiridos pela criança aumentaram o seu repertório
comportamental desejado e diminuiu as respostas auto e
hétero-lesivas, além de terem sido generalizadas para ambientes
extras-experimentais necessitando que os cuidadores aprendessem a
nova linguagem da criança. Isso faz com que permanentemente a
criança passe a ser reforçada nos comportamentos que antes eram
esperados.
Isso coube aos
terapeutas da instituição a necessidade de interagirem com a
criança no momento em que os novos sinais que esta (a criança)
apresentava durante as suas sessões (sessões de outros terapeutas),
sendo observado uma melhora do comportamento social de forma
significa e muito gratificante para o experimentador para a criança
e seus cuidadores.
Dessa forma, a
Análise do Comportamento passou a ser vista como um meio eficiente
de chegar a resultados que são esperados por parte dos parentes e
pela Instituição desmistificando as regras que controlavam
determinadas ações por parte dos representantes do espaço
institucional.
Os princípios do
comportamento deverão ser analisados de forma mais aprofundada por
parte do experimentador da atual pesquisa através das
especializações que tratam o comportamento como o principal meio
para dar mais saúde e qualidade de vida a todos os seres-humanos e,
por que não, outros seres-terrestres que passam por situações de
privação ou aversões em suas relações nos diversos ambientes que
habitam neste planeta.
As rápidas
informações que estão presentes neste experimento pode servir como
outro novo meio de montar um programa para crianças que não possuem
comportamentos desejados em sua comunidade verbal, podendo trazer
novos subsídios para maior entendimento do nosso comportamento
verbal.
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Por que SKinner??? Por que reduzir tanto? Dentro da Síndrome há tantas mutações, que proporcionam tantas diferenças... que se traduzem em tantos sujeitos diferentes necessitando de avaliações e abordagens distintas, e dentro da própria síndrome existem mutações raríssimas que, não se traduzem em típicos, onde jamais skinner caberia.
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