Diz um Autista: "irritabilidade e ansiedade o que o leva ao impulso de agredir"

Hoje (12/08), recebi estas orientações do João Julio Schimidt Souza, autista, 42 anos, que frequenta o espaço de convivência do Autista da Associação de Pais e Amigos do Autista de Cruz Alta (AMACA). Como vocês leitores do blog já sabem, o Jordano possui autismo e a Síndrome de Cornélia de Lange e tem um comportamento bastante instável e, por vezes, agride quem estiver próximo. Hoje ele teve mais um desses comportamentos que foi visto e analisado pelo amigo João Julio. Percebam os detalhes dessa observação.

João Julio e o Jordano - Foto: Edivan
"Edivan, diante do que aconteceu com o Jordano hoje de manhã, justamente eu estava escrevendo um texto sobre o insight (pronuncia-se insait), que é a percepção interior sob o olhar de um autista.
Nos casos severos como o do Jordano é um fato problemático pela dificuldade de perceber que está sendo inadequado, hoje as agressões do Jordano foram por impulso devido ao fato do meu afastamento para amarrar o tênis e do término das danças e atividades lúdicas para a entrega de lembranças aos pais que foram súbitos gerando irritabilidade e ansiedade o que o leva ao impulso de agredir pessoas fisicamente.
Sendo que a melhor alternativa é fazer o sinal de alerta colocando as duas mãos em posição vertical na frente dele dizendo "calma" em tom firme e calmo e encará- lo olho no olho dizendo "assim não que dói" ou que "está tudo bem". Caso o veja chorar, dar e pedir um beijo e um abraço a ele no mesmo tom que ele se acalma e desarma o espírito, quando se afastar momentaneamente fazer o sinal com o braço indicando que sairá depois voltará, assim freará o impulso de agressividade, também perdoar as inadequações comportamentais.
Eu já agi por impulso de agredir muitas vezes e fiquei em estado de choque de modo que senti compaixão de quem agredi e de mim por agir desta maneira, pois ao perceber tinha a sensação de causar um grave desastre e ferir física ou verbalmente alguém de modo involuntário, pois não tinha a intenção nem o propósito de fazê-lo.
Nos casos moderados uma explosão de emoções leva a atos desastrados não impedindo de se dar conta surpreso mas vendo o reverso da medalha, isto é, a quebra do protocolo facilitando a interação social.
Neste caso não é falta de insight coisa nenhuma, é tudo ansiedade desencadeada por repulsa. Nenhum destes casos deve ser encarado como capricho ou motivo torpe pois isto gera mal-entendido, medidas insuficientes e momentos constrangedores que pioram a situação. Abraços. João Julio."

Valeu João Julio, Obrigado!
Edivan Souza

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